
Antonin Artaud (1896 - 1948)
Francês, nasceu no dia 4 de setembro de 1896, em Marselha
, foi um dos primeiros diretores surrealistas, o seu trabalho inclui poemas em prosa e verso, roteiros de cinema, diversas peças de teatro, inclusive uma ópera, ensaios sobre cinema, pintura e literatura, notas e manifestos polêmicos sobre teatro, notas sobre projetos não realizados, um monólogo dramático escrito para rádio, ensaios sobre o ritual do peyote entre os índios Tarahumara, aparições como ator em dois grandes filmes e outros menores, e centenas de cartas que são a sua forma mais dramática de expressão. Destacou-se no teatro, pregava o uso de elementos mágicos que hipnotizassem o espectador, sem que fosse necessária a utilização de diálogos entre os personagens, e sim muita música, danças, gritos, sombras, iluminação forte e expressão corporal, que comunicariam ao público a mensagem, reproduzindo no palco os sonhos e os mistérios da alma humana. "O teatro é igual à peste porque, como ela, é a manifestação, a exteriorização de um fundo de crueldade latente pelo qual se localizam num indivíduo ou numa população todas as maldosas possibilidades da alma". - Assim, surgiu o nome de sua teoria, o Teatro da Crueldade, o teatro da mágica e o poder do contágio, despertando as pessoas para o fervor, para o êxtase e, por fim, a catarse. Sem diálogo, sem análise. Uma vez abolido o palco, o ritual ocuparia o centro da platéia. O que incomodava fortemente o teatrólogo era a exposição da arte à comercialização, onde os atores e os diretores seguiam fielmente um texto para conseguir uma perfeita equação, que segundo Artaud era "antipoético" e "um teatro de invertidos comerciantes". Artaud criticava abertamente a expressão corporal subordinada ao texto, pois achava ser inútil os músculos se movimentarem em detrimento da emoção superficial, de maneira sistemática, como máscaras gregas, procurando fazer o mais fácil, que é imitar, reproduzir sem maiores resoluções o tema abordado e sua subjetividade sem buscar um aprofundamento maior. Tudo em prol do superficial, do rápido, do fácil e do lucrativo. A revolução artaudiana quer explodir os fundamentos do mundo moderno, a subversão destes valores é fundamental para Artaud. Ele reconhece que a confusão e a ruptura fragmentam o indivíduo e a sociedade. Por isto acredita que a revolução precisa ocorrer "pela cultura, na cultura". Artaud aponta várias formas objetivas para que o teatro atinja os nervos do público, mas sublinha veementemente que, caso haja estabelecimento de uma linguagem teatral fixa, esta arruinará o teatro, pois a cristalização de uma forma consiste, segundo ele, no impedimento do movimento da cultura, do espírito. É o rompimento da linguagem que toca a vida e impede a idolatria. Leu e experimentou na década de 20 tudo aquilo que faria a cabeça da contracultura ocidental na década de 60, como o Livro Tibetano dos Mortos, livros de misticismo, psiquiatria, antropologia, tarô, astrologia, Yoga e acupuntura. Atormentado, louco, sensível, romântico, era um homem complicado e costumava andar sozinho. Aos 15 anos começou a tomar ópio para aliviar suas terríveis dores de cabeça, depois teve crises de depressão, passou por sanatórios e nunca mais conseguiu se livrar da droga. Freqüentou os bares de Paris durante a grande festa da geração perdida nos anos 20 e 30, mas não badalava, costumava se sentar no balcão só. Passa os últimos dez anos de vida internado em hospitais psiquiátricos, é encontrado morto em 4 de março de 1948, em seu quarto do hospício de Ivry, bairro de Paris... Morreu sem ver muito suas teorias realizadas, mas influenciou vários teatrólogos que o sucederam E...Depois da morte passou a ser festejado como o homem que fez explodir os limites da vanguarda ocidental e até hoje ninguém o superou em seus conceitos e em sua loucura. A mesma violência agressiva que o prejudicou e o afastou de seu tempo produziu o sucesso póstumo de suas idéias e sua atual influência no teatro contemporâneo. Porque será que alguém tão louco e tão distante de seu tempo, conseguiu influenciar toda a criação artística, filosófica e intelectual deste século e ainda hoje é um dos maiores referenciais para a atividade criadora ? *Resumindo: Artaud foi um artista radicalmente crítico da sociedade burguesa capitalista, da filosofia e arte ocidental moderna. Tornou-se um maldito. Embora tenha cunhado o termo Teatro da Crueldade, não foi propriamente um artista do teatro, no sentido estrito, mas um homem cujos caminhos atravessaram as diversas manifestações artísticas. Neste sentido, sua obra é mais bem compreendida na totalidade de suas criações. Para o pensador, a interpretação deveria ir além da reprodução dos textos. Nas raízes do Teatro da Crueldade estavam as necessidades de promover uma mudança no espectador e no ator para que ambos saíssem de cena com marcas em suas carnes e conflitos em sua mente. O teatro seria, portanto, o lugar do despertar dos demônios.
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