
Retirado de Ingrid Klinkby que por sua vez retirou de ``Escritos de Antonin Artaud´´.
Não, o suicídio ainda é uma hipótese. Quero ter o direito de duvidar do suicídio assim como de todo o restante da realidade. É preciso, por enquanto e até segunda ordem, duvidar atrozmente, não propriamente da existência, que está ao alcance de qualquer um, mas da agitação interior e da profunda sensibilidade das coisas, dos atos, da realidade. Não acredito em coisa alguma à qual eu não esteja ligado pela sensibilidade de um cordão pensante, como que meteórico e ainda assim sinto falta de mais meteoros em ação. A existência construída e sensível de qualquer homem me aflige e decididamente abomino toda realidade. O suicídio nada mais é que a conquista fabulosa e remota dos homens bem-pensantes, mas o estado propriamente dito do suicídio me é incompreensível. O suicídio de um neurastênico não tem qualquer valor de representação, mas sim o estado de espírito de um homem que tiver determinado seu suicídio, suas circunstâncias materiais e o momento do seu desfecho maravilhoso. Desconheço o que sejam as coisas, ignoro todo o estado humano, nada no mundo se volta para mim, dá voltas em mim. Tolero terrivelmente mal a vida. Não existe estado que eu possa atingir. E certamente já morri faz tempo, já me suicidei. Me suicidaram, quero dizer. Mas que achariam de um suicídio anterior, de um suicídio que nos fizesse dar a volta, porém para o outro lado da existência, não para o lado da morte? Só este teria valor para mim. Não sinto apetite da morte, sinto apetite de não ser, de jamais ter caído neste torvelinho de imbecilidades, de abdicações, de renúncias e de encontros obtusos que é o eu de Antonin Artaud, bem mais frágil que ele. O eu deste enfermo errante que de vez em quando vem oferecer sua sombra sobre a qual ele já cuspiu faz muito tempo, este eu capenga, apoiado em muletas, que se arrasta; este eu virtual, impossível e que todavia se encontra na realidade. Ninguém como ele sentiu a fraqueza que é a fraqueza principal, essencial da humanidade. A de ser destruída, de não existir.´
``NÓS AINDA NAO NASCEMOS
AINDA NAO ESTAMOS NO MUNDO
AINDA NAO EXISTE MUNDO
AS COISAS AINDA NAO SE FIZERAM
A RAZAO DE SER NAO FOI ACHADA...´´
``EU ANTONIN ARTAUD,SOU MEU PAI,MINHA MAE E MEU FILHO´´
``Para existir basta abandonar-se ao ser mas para viver é preciso ser alguém e para ser alguém é preciso ter um OSSO, é preciso não ter medo de mostrar o osso e arriscar-se a perder a carne´´.
Antonin Artaud
``O BEM É UM MOMENTO,UM OBJETIVO,O MAL É PERMANENTE´´-ARTAUD
``ASSEGURO-TE QUE NAO HÁ NADA EM MIM,NADA NAQUILO QUE CONSTITUI A MINHA PESSOA,QUE NAO SEJA PRODUZIDO PELA EXISTENCIA DE UM MAL ANTERIOR A MIM MESMO,ANTERIOR Á MINHA VONTADE,NADA EM NENHUMA DAS MINHAS MAIS HEDIONDAS REAÇOES,QUE NAO SEJA UNICAMENTE DA DOENÇA E NAO LHE SEJA.EM QUALQUER DOS CASOS,IMPUTAVEL´´-ANTONIN ARTAUD
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