quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Zé celso


Você já falou que 'soltar a franga' é um ato político. Como é isso'??

Soltar, não reter, é um ato da vida, como comer, depois cagar, não reter a merda. Mas muitas vezes este ato, exige uma afirmação de poder, quer dizer um ato político. Hoje, uma atitude fora da do rebanho, a expressão livre de um valor que não seja o dominante, exige percepção política e coragem de quem o faz. E saber que custa caro, pois está-se provocando a inveja, o ressentimento, o ciúmes e atiçando os pitt bulls. O Ator em sí passa a vida apreendendo soltar-se, pra poder inclusive controlar-se, limitar-ser apolineamente coforme os Ritmos, personagens, que, às vezes exigem a sua própria liberdade, o que seu desejo quiser. O Teatro de cara exige uma reviravolta, uma virada absoluta de 360º nos valores. Quem fica no meio do caminho, não se solta por inteiro, retém, mantem o cu fechado, inevitavelmente cai no ressentimento, na praga emocional, fica vagando pela metade pela 'baixa antropofagia aglomerada nos pecados de catecismo´ a inveja, a usura, a calúnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos.'( O.A.)

E como entra a questão orgiástica no espetáculo??

A Orgya não é uma questão. É uma solução. O Teatro nasceu nas orgyas, os Mistérios de Eleusys na Grécia, onde num terreiro subterrâneo, o povo tomava um vinho e uma cerveja da deusa Ceres, alucinógena, a Sacerdotisa espunha os orgãos sexuais para adoração e em noites e noites de amor, foi-se gerando a matéria libidinosa, tragicômica do que chamamos hoje Teatro. A primeira produção deste parto, foi uma procissão de um enorme Caralho, uma Árvore imensa saindo em farra pelas ruas e bosques, cantando, dançando, trazendo a KOMÉDIA. O teatro é uma reunião ao vivo das pessoas, mesmo o teatro careta, o do palco italiano, onde esta orgya é sublimada. Na Tragycomédiorgya da Ópera de Carnaval Electyro Candomblayca que fazemos como em Os Sertões, procuramos dessublimar, fazer sentir as pessoas que estão como os atores de corpo presente naquele momento, comunicando-se sobretudo amorosamente, libidinosamente. Mesmo que não se toque fisicamente no que está aí, todos estarão participando de uma Orgya, como no Carnaval de Olinda, ou do Recife Velho. A Orgya é a condição da Igualdade, de todos nós percebermos como mortais, dessa espécie quase em extinção chamada humana, porque cada vez mais pretende-se fugir nos Carandirus de luxo dos apartaides sociais, no enclausuramento em Família, de que viemos ao mundo para como todo o Cosmos, nos amarmos.

José Celso Martinez Corrêa

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